Página da Biblioteca Sigmund Freud

01 de fevereiro de 2007
Orhan Pamuk cancela viagem por temer atentado
Prêmio Nobel de Literatura tem medo de ser alvo de atentados nacionalistas turcos

O prêmio Nobel de Literatura, o turco Orhan Pamuk, cancelou uma viagem que faria à Alemanha porque teme ser alvo de atentados nacionalistas turcos. A decisão está relacionada a ameaças dos autores do assassinato do jornalista turco-armênio Hrant Dink. A editora Hanser lamenta a decisão de Pamuk e espera poder reagendar a visita ao país em breve.

Pamuk, que teve um problema com a Justiça turca por falar do massacre perpetrado contra os armênios durante o Império Otomano, havia qualificado de responsáveis pela morte de Dink aqueles que defendem “a humilhação do Estado e da idiossincrasia turca”.

Neve, romance político de Pamuk premiado com o Nobel em 2006, chegou às livrarias do Brasil em outubro. O livro conta a história do poeta turco Ka, que deixa o exílio na Alemanha com o pretexto de investigar uma onda de suicídio entre jovens muçulmanas em um vilarejo isolado na Turquia. Durante a visita, uma nevasca bloqueia todas as estradas que levam a cidade, e um ator veterano aproveita a situação para liderar um golpe militar.


12 de outubro de 2006 - 08:32
Nobel de Literatura 2006 é concedido ao turco
Orhan Pamuk



Pamuk, de 54 anos,
receberá o prêmio como um escritor que
"encontrou novos símbolos para refletir o choque e a interconexão das culturas"

Orhan Pamuk, 54 anos


O escritor turco Orhan Pamuk, cujo indiciamento por "insultar a cultura turca" levantou preocupações sobre a supressão da liberdade de expressão no país, é o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2006, comunicou nesta quinta-feira a Academia Sueca da Língua. Pamuk, de 54 anos, receberá o prêmio como um escritor que "em busca da alma melancólica de sua cidade natal encontrou novos símbolos para refletir o choque e a interconexão das culturas", segundo a explicação do júri.

Pamuk era um dos mais fortes candidatos ao Nobel. A decisão, que surpreendeu a poucos, foi recebida com uma curta, mas intensa, salva de aplausos. Alguns de seus romances mais conhecidos são "Meu Nome é Vermelho", e "Neve".

Em janeiro, uma corte turca descartou acusações contra Pamuk, pondo fim a um julgamento que preocupou observadores ocidentais e levantou dúvidas sobre o comprometimento da Turquia com as liberdades individuais.

Pamuk foi levado a julgamento por dizer a um jornal suíço, em entrevista publicada em fevereiro de 2005, que a Turquia tem dificuldades de lidar com dois dos episódios mais dolorosos da história recente do país: o genocídio de Armênios durante a 1ª Guerra Mundial e os recentes embates com a guerrilha curda no sudeste do país.

"Trinta mil curdos e 1 milhão de armênios morreram nessas terras, e ninguém ousa falar sobre isso a não ser eu", disse ele na entrevista.

Ao agredecer pelo prêmio recebido nesta quinta-feira, ele comentou as divisões entre ocidente e oriente. "Lamento que a existência de dois pólos culturais, Oriente e Ocidente, tenha sido co-responsável pela morte de muitas pessoas", disse o escritor, em Nova York, revelando-se honrado com a premiação.

A escolha de Pamuk acontece em um momento particularmente sensível no país de maioria muçulmana. A Turquia iniciou recentemente negociações para se tornar membro da União Européia, mas o bloco criticou o julgamento de Pamuk e de outros escritores acusados de traição por nacionalistas turcos.

Segundo o presidente da academia suéca, Horace Engdahl, a situação política na Turquia não afetou a decisão. "É claro que (a decisão) poderá levar a alguma turbulência, mas nós não estamos interessados nisso", disse ele. "Ele é uma pessoa controversa em seu próprio país, mas outros vencedores do prêmio também foram."

Engdahl acrescentou que Pamuk foi escolhido por ter "alargado as raízes do romance contemporâneo" através da ligação entre as culturas Ocidental e Oriental.

O escritor nasceu em 1952 em uma família de classe média alta. Seu pai e seu avô eram engenheiros. Em sua juventude, sonhava em ser pintor, mas estudou arquitetura e jornalismo. O escritor viveu nos Estados Unidos de 1985 a 1988, convidado pela Universidade de Columbia de Nova York e depois da Universidade de Iowa.